Caro irmão,
Pode ser abordada sob dois aspectos: o indivíduo consultar a opinião de outra pessoa em assuntos que o concernem, ou os governantes consultarem-se em assuntos que dizem respeito à situação da comunidade. No primeiro caso, a consulta é uma prática recomendada (sunnah).
– O Profeta (que a paz e as bênçãos de Deus estejam com ele) incentivou a consulta; ele próprio, ao receber a notícia da chegada de Abu Sufyan, consultou os Ansar sobre quais medidas deveriam ser tomadas; além disso, consultou seus companheiros em muitos assuntos, como este. A tal ponto que Abu Hurairah declarou não ter visto ninguém consultar seus companheiros mais do que o Mensageiro de Deus.
– Quanto à questão de saber se os governantes devem consultar a comunidade em assuntos que a afetam, existem diferentes opiniões.
Os estudiosos discordam sobre o que o versículo quer dizer.
– De acordo com o que relatou Imam Nawawi, e segundo a opinião majoritária dos estudiosos/juristas e teólogos, o versículo em questão expressa um comando. Portanto, o governante consulta as pessoas autorizadas a seu lado, mas depois decide qual opinião é mais útil e age de acordo com ela.
eles levaram a sério o comando de consulta (istisharah) no versículo, mas depois adotaram a opinião que expressaram.
Eles defendem que, em assuntos religiosos e questões de governança do estado islâmico, os governantes devem consultar especialistas. Ibn Atiyye chegou mesmo a argumentar que, em tal situação, é obrigatório destituir o governante que não consulta os estudiosos.
– Embora não haja uma opinião atribuída a ele sobre este assunto, entendemos que ele adotou a opinião de que a consulta (istisharah) é obrigatória, com base em uma declaração de Jassas, um estudioso da escola Hanafi.
– De acordo com Ibn Taymiyyah, um dos estudiosos da escola Hanbali, o fato de Deus ter ordenado a consulta ao seu profeta demonstra que nenhum governante está isento de consultar.
– De acordo com os estudiosos, o governante que consulta deve preferir, na consulta, a opinião que mais se aproxima do Livro e da Sunna, apresentada pela comissão consultiva. Se não encontrar tal possibilidade de comparação, deve adotar a opinião que, segundo seu entendimento, é a mais sólida. A expressão do versículo que diz isso é um indicativo dessa verdade.
– Destes esclarecimentos, depreende-se que um administrador deve consultar pessoas competentes em assuntos específicos. Se o resultado da consulta for considerado conforme o Alcorão e a Sunna, ele pode optar por uma decisão que o satisfaça, mesmo sem a concordância da maioria, desde que, ao tomar sua decisão, não se baseie em desejos pessoais ou caprichos ilícitos, mas sim na busca da aprovação de Deus e na priorização do bem-estar da comunidade.
O administrador deve ter o direito de aplicar sua própria opinião e preferência, apresentando uma justificativa legítima e baseando-se em uma interpretação legítima. Se a aplicação resultar em prejuízo para a sociedade e isso se repetir, o administrador será removido do cargo de acordo com o procedimento estabelecido.
Com saudações e bênçãos…
O Islamismo em Perguntas e Respostas
